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Entrevista a Daniela Maia da Agência USP de Inovação

  • 15 Maio 2014
  • Artigos

Dra. Daniela Maia trabalha atualmente na Área de Transferência de Tecnologia na Agência USP de Inovação, desempenhando funções na área de análise e difusão de tecnologias.

A Universidade de São Paulo é uma das maiores e mais prestigiosas instituições de Ensino Superior da América Latina, alcançando uma posição de destaque nos rankings internacionais. Na área de investigação é uma das universidades mais importantes da América Latina, por exemplo, ela produz mais de 25% de todas as publicações científicas do Brasil.

Peça fundamental neste trabalho é a Agência USP de Inovação que representa um moderno sistema que executa um grande número de atividades focadas na valorização e promoção da inovação tecnológica.

Tivemos o prazer de encontrá-la tanto no Fórum Transfiere como em um de nossos simpósios organizados pela Cátedra UPM-Clarke,Modet & Co.

1. Srta. Maia, sabemos que o Estado de São Paulo é o maior centro de investigação e desenvolvimento no Brasil, chegando a representar 28% da produção científica. Levando em conta sua experiência profissional, quais são as condições favoráveis no que diz respeito a outros estados para que alcancem este valor?

A economia do Estado de São Paulo é a mais movimentada do Brasil. Aqui se concentra grande parte das instituições de Ensino e Pesquisa do Brasil, bem como grandes polos industriais e comerciais. Essas são as condições de maior destaque que, a meu ver, favorece a ampla produção científica de São Paulo.

2. Você trabalha na Agencia USP de Inovação, quais são as funções da agência? Que trabalho desempenha nela?

A Agência atua, em resumo, no apoio aos pesquisadores com a proteção dos resultados de suas pesquisas e na comercialização dos resultados protegidos. Outras atuações da Agência que merecem destaque são: intermediação entre docentes e empresas, atendimento ao público externo, apoio à spin-offs, micro e pequenas empresas e assessoria em convênios e parcerias.

3. A Agência USP de Inovação possui distintas áreas de atuação. Seria possível enumerá-las, explicar com funcionam cada uma e como se inter-relacionam?

Propriedade Intelectual: depósito e manutenção de pedidos de patentes e demais proteções legais.

Transferência de Tecnologia: Parcerias USP com instituições diversas, análise, divulgação e comercialização de tecnologias;

Empreendedorismo: apoio às empresas nascentes, micro e pequenas empresas de São Paulo; apoio às incubadoras de empresas.

Comunicação: divulgação de eventos e notícias relacionadas à Inovação; apoio à todas as áreas da Agência;

Administração e finanças: órgão interno para gestão de pessoal e gerenciamento contábil.

Todos os setores estão relacionados, pois são interdependentes e não fazem sentido em existir por si só. São divididos apenas por conta de suas especificidades funcionais. O setor de Propriedade Intelectual (PI), por exemplo, fornece conteúdo para o trabalho de Transferência de Tecnologia.

4. Poderia fazer um balanço do número de acordos e alianças para novos desenvolvimentos realizados em 2013 com respeito a 2012? Segundo esta análise, que números são estimados para 2014? Como é visto o futuro da transferência de tecnologia?

No ano de 2013, foram analisados quase 200 convênios para novos desenvolvimentos em toda a USP. Há uma tendência que esse número seja maior em 2014 porque se observa o crescimento de empresas que procuram a Universidade visando desenvolvimento conjunto para inovação ou solução de demandas. Esse é um caminho promissor para o futuro de Transferência de Tecnologia, que oferece maior possibilidade de vermos as pesquisas aplicadas beneficiando a sociedade, pois para isso são diretamente criadas.

5. A Universidade de São Paulo possui convênios com distintas ‘’ incubadoras’’. Para os que não estão muito familiarizados, o que são as incubadoras? Quais são as mais importantes para vocês?

Chamamos incubadoras de empresas as entidades que recebem empresas nascentes, abrigam e fornecem assessorias necessárias para o seu amadurecimento. Na Espanha, são denominadas Parque Científico as instituições mais semelhantes às nossas incubadoras. Umas das incubadoras mais importantes para a USP é o CIETEC – Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, pelo seu tamanho e localização: está situada na Cidade Universitária e recebe grande número de spin-offs oriundas da nossa comunidade.

6. Os contratos de transferência que a sua universidade realiza, são desenvolvidos sempre em âmbito nacional ou existem acordos com projeção internacional? Existem impedimentos para a exportação de suas invenções?

A maioria dos contratos é com empresas nacionais. Entretanto, há alguns importantes com empresas estrangeiras, que são firmados quando estas aceitam nossas condições legais. Há parcerias para novos desenvolvimentos com empresas estrangeiras (ou multinacionais) que também são muito representativos. Os entraves que existem são, sobretudo, legais. As negociações devem sempre levar isso em conta como ponto principal.

7. Na hora de registrar uma patente, quais são os passos que são realizados desde a apresentação da solicitação até sua concessão? Poderia fazer um resumo dos requisitos necessários para um registro com êxito?

Devemos considerar se houve divulgação prévia da tecnologia. No Brasil, há um tempo máximo de 01 (um) ano para registrar uma patente desde sua divulgação. É sempre altamente recomendado que não haja nenhuma prévia das pesquisas para não prejudicar os trâmites pré-depósito. Os trâmites internos contam com o envio do Termo de Revelação pelo interessado, entrevista técnica, busca prévia, redação do pedido de patente, depósito, cumprimento de exigências e os pagamentos das respectivas taxas de manutenção da patente. A concessão pelas autoridades competentes, ou sua negativa, leva em torno de 8 anos. Para os passos de entrevista técnica, busca prévia e redação da patente, contamos com os serviços da Clark. A realização de uma busca prévia adequada contribui fortemente para o sucesso no deferimento da patente.

8. Você foi uma das convidadas da Clarke, Modet & Co no Fórum Transfiere, celebrado no mês de Fevereiro em Málaga. O evento cumpriu com as suas expectativas? Teve oportunidade de estabelecer conexões com empresas espanholas? Que melhorias proporia para 2015?

O evento foi muito bom, superou às minhas expectativas. Ainda estou realizando buscas internas para enviar dados combinados com as empresas com as quais me reuni (portfólio de patentes, grupos de pesquisa, áreas de excelência, entre outros). O único ponto que não foi ajustado foi o acesso à Internet, que não estava funcionando bem e que poderia ter melhorado a qualidade das reuniões pelos dados apresentados aos demandantes (muitos deles estavam online). Também detectei mais ofertas que demandas e acredito que poderia ser aumentado o número de demandantes para as próximas edições.

9.Também participou como palestrante de um dos simpósios que a Cátedra UPM-Clarke Modet & Cº organiza. Qual a sua opinião quanto a esse tipo de acordo entre empresa e universidade?

Quando se trata de transferência de tecnologias oriundas do âmbito acadêmico, enxergo como válida toda parceria realizada com empresas. As empresas possuem meios mais eficazes de detectar as necessidades da sociedade e como supri-las, haja vista ser o público alvo das empresas.

10. Após esses dias na Espanha, conhecendo o setor da Propriedade Intelectual na Espanha, que diferenças e semelhanças encontrou com a América Latina? E com o Brasil em especial?

Não possuo conhecimento aprofundado sobre as questões de Propriedade Intelectual na América Latina. Há, entretanto, algumas diferenças no tratamento de Propriedade Intelectual pela Espanha e pelo Brasil. Por exemplo, os registros de software são mais complexos na Espanha do que no Brasil. Há também, questões como prazo de concessão da patente e custos, ambos menores na Espanha. No Brasil são cobradas todas as taxas pelo depósito e manutenção da patente e essas demoram cerca de 8 anos para serem concedidas ou negadas em definitivo. As demais questões são bastantes semelhantes.

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